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Lembranças
                          Lembranças

Quando meu pai, de certa forma já havia morrido, enquanto ainda falava, um dia chorou como criança. Estava preocupado com a minha mãe e dois filhos que ainda moravam em casa. Eu, apesar de ainda morar com eles, já estava indo tentar uma vida a dois. Nesse dia do choro minha mãe saiu do quarto, de onde com ele estava, e pediu-me para tentar acalmá-lo, e quando me expus a ouvi-lo, me perguntou, num tom cortado, quem iria se comprometer com o pão da sua família. Eu lhe prometi que no aspecto da alimentação, eu assumiria o seu lugar. Sabia da dor que ele devia estar sentindo, talvez maior que a dor física que a doença estava lhe causando. Não prometi apenas para acalmá-lo, mas por saber que a ele, doía mais que qualquer dor, não poder continuar dando o sustento da família. Pois presenciei algumas lágrimas, quando lhe faltava o ganha-pão. Desde o início do que assumi, passei também a ver os meus dois irmãos (irmã e irmão), com um pouco de filhos, e posso dizer que para mim, são dois bons irmãos. E cumpri o que prometi a meu pai, até que minha mãe, grande mãe, nos deixou e acompanhou meu pai. Hoje o que mais me preenche e me orgulha é poder dizer que mantive minha palavra; aliás, palavra esta que eles, através das suas condutas me fizeram aprender. Ensinaram-me que o mais valioso berço que pode acolher um ser, é nascer no ceio de dois bons corações que regam a boa conduta e ensinam que não há lei maior que a palavra de um homem.      

Josué Firmino
Enviado por Josué Firmino em 31/03/2012


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Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr