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Romaria
                                 Romaria
                                                                                    

                      Para o poeta José Inácio Vieira de Melo


Deixar o pulsar fender esse nó do espanto, e bêbado, tatear entre poeira e achar o equilíbrio no fluir do poema, é o que te faz, mesmo fusco e debruçado nos braços do vento, enxergar o rutilante. E assim, como em romaria, és o ambulante que, crendo em romper o nó, concretizas a poesia; e com a mente movida por redemoinhos que ruminam tua mente turbulenta, é que fias com o bico da pena o vínculo que traça o verso, a prosa e a rima; podendo polir assim as cicatrizes e trilhar, de forma lúbrica, pelas trincheiras da boca escancarada. Pois és José que acrescenta e rompe cabrestos e, Inácio com o ardor do raio em busca do fincar-se na existência. E vais cantando num galope inocente nas asas de um concriz tentando dizer palavras de luz, quando sente que só os olhos dizem o que estas sonham; quando num harém, tenta morder o infinito para sentir o gosto da criação.


Josué Firmino
Enviado por Josué Firmino em 20/11/2011
Alterado em 14/02/2022


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Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr