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Quase impercebível
                                Quase impercebível


      Ah! Só hoje; só hoje é que a mente cedeu espaço para que, o que vai reflita e agradeça ao que fica. E quero de maneira mais sincera e profunda dizer que a nada e a ninguém poderia dedicar tamanho empenho, mesmo sabendo que não conseguirei expressar tudo que mereces ouvir, pois foste e és o mais perfeito e obediente diante de todas as minhas vontades, caprichos abusivos e volúpias vãs, até com ousadia mister de quem ignora a disposição alheia.
      Ah corpo! Como podes ser tão fiel a quem faz tanta exigência e até força à perfeição? Sabes que o próprio, não daria tanto sem algo em troca receber. Quando lembro que nunca me disseste um não, sinto em tua pele o quanto te devo em gratidão. Quando cansado, sem poder corresponder, ainda tinhas que ouvir murmúrios de quem por vezes, e por muitas vezes, não teve a capacidade de entender o quanto és apenas carne e osso num universo de uma natureza infrene onde tudo é transformável.
      Nunca me desloquei sem necessitar de ti; mesmo nas mínimas locomoções, nos pequenos gestos e até no soltar de uma lágrima ou no ar de um sorriso, precisei que correspondesse a essa expressão. Já nas longas e duras jornadas, aí então, não tenho as necessárias palavras que possam mencionar o quanto foste companheiro irmão, tipo dois em um, enquanto viver. Agradeço também ao tempo, mesmo no final, pelo instante reflexivo e voltado para aquele que de mim nada exigiu.
      Hoje irei, mas fique com a certeza de que alguém jamais teria sido tão prudente.  

Josué Firmino
Enviado por Josué Firmino em 04/11/2011


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Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr