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Recantos
        Se a vida me dissesse que é generosa, eu lhe diria que não é humana. Que é ferrenha na forma de distribuir a destinação dos seus residentes. Determina a multiplicação dos seres para sua tirânica satisfação; destina seres inocentes e indefesos aos recantos mais indesejáveis e lhes impõe limitações; coage-os a margens onde só os roedores se sentem bem. Trata-os como refugo de um produto que passa por uma classificação e o resto é jogado à putrefação. São repugnantes os argumentos de que eles serão exaltados na “reciclagem” da renovação. É sem sentido expor um ser amado ao sofrimento e depois de esfacelá-lo se fazer seu salvador. De que precisa ser ele perdoado? Ora, se aos ecos de dor não merecem dar ouvidos, que sentido tem o cálice da cruciação? Que utilidade tem o remédio se é dado quando não há mais dor?  



Josué Firmino
Enviado por Josué Firmino em 31/10/2011
Alterado em 30/10/2024


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Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr